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De uma Mãe

Experiências e Receitas de uma mãe de primeira viagem.

Dom | 31.03.19

9 Meses de estrabismo e a minha ausência

Há muito que tento recomeçar a escrever no blog mas acabo por ir adiando e adiando. O tempo passa e eu nunca mais regressava. Hoje decidi que não podia adiar mais, ou correria o risco perder o blog de vez.

A verdade é que estes últimos meses foram de algum stress e cansaço, desde a última vez que publiquei algo (Junho de 2018), altura em que fomos de férias, sem saber o que a vida nos reservava.

Durante as nossas férias, reparamos um dia, que a Beatriz estava a desviar os olhos, apenas pontualmente, coincidindo com o acordar. Na altura, foi uma situação tão pontual e tão breve, que achamos que seria cansaço dela por causa da praia ou da viagem. No entanto, a situação voltou a repetir-se nos dias seguintes e começamos a ficar realmente preocupados.

Quando regressamos a casa, decidimos consultar um oftalmologista pediátrico. Quando explicámos o sucedido, desvalorizou dizendo que não detetava nada no exame, para irmos vigiando e caso voltasse a acontecer marcar consulta. Passado uns dias voltou a acontecer... Nova consulta, desta vez com outro médico que confirmou que de facto a Beatriz desviava a vista e que era necessário fazer um exame para despistar se seria algum problema neurológico ou estrabismo. Ao ouvirmos a expressão “problema neurológico”, ficámos logo assustados, até porque este médico só falava em termos técnicos. Era duro nas afirmações e de poucas explicações. Parecia ser um excelente profissional, mas sem capacidade para perceber o impacto das suas palavras em jovens pais como nós.

Decidimos consultar outro médico, alguém que fosse capaz de nos explicar com calma e que nos esclarecesse as nossas dúvidas. Por sorte, encontramos! A Beatriz fez o exame e confirmou-se que tem estrabismo.

B - Oculos

 

Depois de se falar em “problemas neurológicos”, estrabismo é um mal menor! Claro que como pais preferíamos que não fosse nada. Qual é o pai que não quer uma vida perfeita para os filhos?

No início tudo é uma fonte de stress. “E se ela não aceitar os óculos?”, “e se ela não deixar tapar a vista?”, “e se ela ficar assim até ir para a escola e sofrer bullying?”, e se, e se… tudo questões que nos passaram pela cabeça.

Por sorte e porque ela é uma menina que percebe muito bem tudo o que lhe explicamos, com brincadeiras de pirata, ela deixa muito bem fazer a oclusão e não se queixa vez nenhuma. A adaptação aos óculos foi tranquila, mal se viu com eles, bastou dizer que estava linda, puxar a sua veia mais vaidosa e não foi preciso dizer mais nada. Está mais do que habituada a eles.

Infelizmente, com o crescimento ela tem vindo a piorar, pelo que, tudo indica que daqui a um tempo vai precisar de ser operada. Ainda há uma pequena probabilidade de o problema ser corrigível apenas com a oclusão, mas a cada consulta sentimos que as probabilidades estão cada vez mais contra nós.

Não sabemos se com a operação ela ficará bem, ou se terá de usar sempre óculos, pois quando tira os óculos, o olho acaba por desviar. Está tudo ainda muito cinzento para nós.

Isto, acabou por mudar completamente o meu foco e o facto de ainda estar com ela em casa, o cansaço já se começa a sentir também. Não me queixo e não me arrependo desta decisão, continuo a achar que foi o melhor para nós. É difícil? É. Todos os dias são iguais, a rotina da casa é sempre a mesma e com o passar do tempo a Beatriz também exige mais de mim.

Portanto, todos os bocadinhos livres que encontro durante o meu dia, tirei-os para descansar.

Sei que o estrabismo, é mais comum do que se pensa e que a informação por vezes é difícil de digerir.

Tudo o que envolve esta patologia pode ser muito confuso. Se te identificares com este post e quiseres partilhar a tua experiência, dúvidas, ou se estiveres no começo deste desafio, tens aqui uma mãe disponível para te ouvir e ajudar no que conseguir.